Resenha do livro “Pensar em Apostas” de Annie Duke

Da campeã de poker Annie Duke, o livro mostra algumas técnicas de análise de dados baseado em sua experiência como jogadora de poker. Traz muitos paralelos com o mundo dos negócios e abaixo trago um resumo dos principais conceitos presentes no livro.

Xadrez vs. Poker

Para a autora, a vida pessoal e a carreira profissional são mais parecidos com o poker do que com o xadrez. No xadrez, cada movimento que você faz pode ser previsto ou calculado de acordo com as outras peças na mesa. No poker, você não consegue prever o que pode vir, nem saber o que está disposto na mesa, pois você não enxerga as cartas dos oponentes, nem mesmo as cartas restantes.

O fator Resultante

Existe uma diferença entre uma decisão inteligente vs. um resultado inteligente. Geralmente, as pessoas enxergam um resultado bom como consequência de uma decisão boa. A autora dá um exemplo da final da NFL de 2015, onde o técnico do Seahawks apostou em uma tática que não deu certo e entregou o jogo para o Patriots. Todos comentaristas esportivos julgaram que foi uma péssima decisão dele, contudo, especialistas em estatística esportiva mostraram que os dados apontavam para um índice de sucesso maior naquela tática aplicada. Foi uma decisão boa, mas um resultado ruim.

Isso se chama fator Resultante e a autora salienta que temos que levar isso em consideração na hora de avaliarmos resultados. Outro exemplo que ela cita é de um fundador de uma empresa, que demitiu o presidente e viu despencar suas vendas. Para o fundador, se ele soubesse que os resultados fossem piorar, ele não teria tomado essa decisão. Contudo, quando se avalia o que foi feito com o presidente antes da demissão, percebeu-se que todas tentativas de melhoria foram aplicadas e nenhuma surtiu efeito, restando apenas a demissão como última opção. Se perguntassem para qualquer conselheiro ou diretoria se a decisão era a mais acertada, todos responderiam positivamente naquele momento.

E também pode acontecer o contrário: tomar uma decisão ruim mas o resultado ser bom. Exemplo: dirigir embriagado e não ter nenhum acidente ou comer uma comida pesada e não ter problemas intestinais.

Viés da conveniência

Considerado um viés cognitivo muito semelhante ao viés da confirmação, a autora exemplifica usando um caso de um jogador de poker amador de sua época de iniciante. A mão de cartas que ele mais gostava era de 7 e 2 (considerada uma mão com baixa probabilidade de ganho) e alegava que tinha que ser muito habilidoso para ganhar com essa combinação. Então, quando ele ganhava uma partida com essa mão, ele se vangloriava de sua habilidade. Quando ele perdia (e que era bem mais frequente devido a probabilidade), ele culpava o azar. Ou seja, era conveniente para ele puxar o mérito do sucesso, mas culpar um fator externo para seu fracasso.

O efeito Rashomon

O filme “Rashomon” de Akira Kurosawa mostra diferentes pontos de vista sobre um mesmo crime, o que impossibilita saber qual a verdadeira realidade do acontecimento. No poker, o efeito Rashomon é exemplificado quando conflitamos a versão do ganhador e do perdedor em uma jogada. O ganhador vai ter uma abordagem e contar os fatos que favorecem sua vitória, enquanto o perdedor irá contar os fatos que desfavorecem o vencedor.

No mundo dos negócios, ter diversos pontos de vista é inevitável, mas é saudável para a tomada de decisão de acordo com a autora. É importante que haja divergência de opiniões para se ter o maior número possível de informações.

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