A diferença entre começar a trabalhar em uma empresa pequena e uma grande
Primeiro, gostaria de agradecer o carinho e a atenção da galera do segundo ano de Midialogia na Unicamp que me recebeu super bem na palestra que dei para eles sobre Inteligência de Mercado e Mídias Sociais. Agradecer também ao professor Bottesi pelo segundo convite (ano passado também fui para lá).
Nessa visita, consegui conversar com muitos amigos que tenho na Midialogia e com um deles, o Rafael, tive um papo muito legal sobre sua experiência entre trabalhar em uma empresa grande e uma pequena.
Coincidentemente, hoje o Thiago (escritor do blog) recomendou um artigo excelente sobre o assunto em seu perfil do Twitter.
Creio que eu e 99% das pessoas que ingressam na faculdade já pensam em sair trabalhando em uma grande empresa, multinacional, etc. Extremamente normal, afinal, temos enraizada a idéia de que começando em empresa grande é sinônimo de construção de carreira.
Entretanto, hoje com um pouco mais maturidade e visão das coisas, vejo que, pelo menos em comunicação, as coisas não são assim. Já tinha essa impressão quando comecei a trabalhar e, depois conversando com outras pessoas em mesma situação que eu (e lendo esse artigo do Thiago), confirmei. Começar trabalhando em empresa pequena tem mais vantagens.
O que vou dizer agora não vale só para comunicação, e sim para o mercado em geral. Já se foi o tempo que um profissional trabalhava 20, 30 anos na mesma empresa. Hoje, se o cara tá há 10 anos no trabalho, é um herói. Ou seja, aquela imagem que tínhamos, de que ficaríamos em uma empresa grande por séculos, cai abaixo. Se empresa grande fosse sinônimo de já-estou-pensando-na-aposentadoria, eu não veria tantas pessoas saindo de empresas gigantescas (como Google) e indo para empresas pequenas ou montar seu próprio negócio. A única carreira que você pode dizer que você vai começar e aposentar na mesma empresa é o Exército (e olhe lá ainda)
Agora eu falo pela área de comunicação. No artigo, o autor lista vários fatores que o motivou a ir para uma empresa pequena (no caso, uma startup). No primeiro, eu acrescentaria o seguinte: em empresa pequena, você aprende todo o processo. Você acompanha, com muito mais facilidade, o que as outras áreas estão fazendo e tem um contato maior para poder aprender. Além disso, como o artigo aponta, a empresa é pequena, mas as responsabilidades são as mesmas de uma empresa grande. Portanto, mesmo sendo estagiário, você acaba aprendendo a tomar decisões e muitas coisas da empresa acabam dependendo do que você faz. Parece assustador, mas quem já não ouviu que “se aprende, botando em prática”?
Entretanto, o ponto negativo se origina disso: em empresa pequena, acaba tendo um volume de trabalho maior. Em empresa grande, como é tudo já estruturado e rígido, o volume de trabalho é calculado para cada função. Um estagiário nunca vai ter uma carga maior do que seis horas por dia. Às vezes, vai até ter menos para poder se dedicar aos treinamentos.
Já em empresa pequena, raramente acontece isso. Geralmente, o estagiário acaba se nivelando com um efetivado e os dois acabam exercendo as mesmas funções e responsabilidades. Como eu disse, isso é bom porque se aprende mais, só que também serão seis (ou oito) horas por dia apenas no papel.
Outro ponto é em relação ao salário. Em comunicação, é uma grande mentira dizer que empresa grande é sinônimo de salário alto. Já vi muita empresa grande pagar muito mal e sabe por quê? Porque se apóiam na marca e no desejo das pessoas em trabalhar lá. “Ah, aceito receber menos porque estar na empresa X é currículo”. Pode até ser um excelente ponto no currículo, mas eu não ficaria muito tempo nela. A diferença entre salários não é tão grande como pensamos. E acho que compensa ganharmos um pouco menos para aprender muito mais para nossas carreiras do que ganhar pouco e ainda não aprender quase nada.
E para fechar: em empresa pequena com grandes chances de crescimento, você acaba ganhando autoridade com o passar do tempo. Nesse ponto, entra o “tempo de casa”, fator abordado lá em cima. Quem se valoriza mais: aquele que está desde o começo na empresa ou quem acabou de ser contratado, mesmo com uma experiência boa? O cara que acompanhou o crescimento da empresa tem um respeito natural perante os outros, mesmo com grau de hierarquia inferior.
Basicamente, eu acho o seguinte: quem é mais receoso e paciente com a carreira, melhor ir para empresa grande. Mas quem quer crescer rápido, aprender muita coisa (se ferrar também) e arriscar mais, vai para empresa pequena. Eu sou da segunda opção, e você?
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