#Opinião O que esperar das mudanças do Instagram ao esconder as curtidas nos posts

Atualização: o teste chegou no Brasil (Fonte: Brainstorm 9)

A notícia de que o Instagram começou testes para esconder o número de curtidas nas publicações pegou o mercado de surpresa. Surpresa porque mudanças na rede geralmente são em recursos para conteúdo/publicidade ou no algoritmo de controle.

Esperei um tempo para saber mais detalhes sobre como estão esses testes, mas não obtive muitas informações. O que sei até agora é que:

  • Testes sendo rodados com perfis canadenses (update: agora no Brasil também e na Irlanda, Japão, Itália, Austrália e Nova Zelândia. Fonte: The Verge)
  • Contagem de Likes nos posts e visualizações de vídeo não estão públicos. Comentários e Seguidores se mantém públicos.
  • Admin do perfil ainda pode ver todos os números.
  • Você consegue ver todos os perfis públicos que deram Like no post, podendo contar manualmente.
  • Sem previsão para quando acabarão os testes

O Twitter também está planejando testar algo do tipo, porém escondendo praticamente todas as métricas, incluindo seguidores.

Considerando que realmente continue assim, com certeza haverá mudanças na forma como influenciadores e marcas se relacionarão. Listo abaixo algumas opiniões:

Seguidores (ainda) como métrica principal para escolha de influenciadores

Apesar de muitas marcas ainda tomarem por base o número de seguidores para escolherem seus influenciadores, com o sumiço dos likes, reforçaremos essa métrica como prioritária. Pouco a pouco o mercado havia avançado ao olhar mais para o engajamento do que para seguidores, mas mesmo com comentários ainda público para qualquer um consultar, creio que não teremos muitas opções de métricas.

Muitos profissionais da área acreditam que estamos numa era de maturidade, em que as marcas irão priorizar a autenticidade e conexão de conteúdo do que com as métricas de vaidade (ex: seguidores), porém, vejo que marcas assim são 5% do nosso mercado. Se já era difícil convencer anunciante de que seguidores não é sinônimo de resultado, imagina agora que só teremos essa métrica disponível.

Outra saída é pedir para que o influenciador envie seus dados de engajamento, mas aí caímos no segundo ponto abaixo.

Profissionalização dos influenciadores será forçada

Media kit será imprescindível para os influenciadores trabalharem com as marcas. Além disso, terão que aprender a extrair e entender seus números para usarem como argumento de venda para atrair patrocinadores.

Também precisarão aprender a cobrar mais dos anunciantes pelos resultados trazidos, justamente porque o diferencial, dentro da maré de influenciadores, será o portfólio de trabalhos e os respectivos resultados de campanha. Na realidade, já é um diferencial atualmente, mas com a redução dos dados do Instagram, os influenciadores precisarão cavar dados de todos os lugares, inclusive dos anunciantes.

Criação de métodos para análise de perfis

Desenvolvimento de técnicas de reconhecimento de imagens será intensificado para o Instagram, visto que já temos diversas soluções do Google, Amazon e na academia. Veremos plataformas, principalmente de inteligência em mídias sociais, que incorporarão soluções para analisar conteúdo e conexão com a audiência.

Soluções de Text Analytics também serão incorporadas para analisar comentários e postagens, sendo que essa tecnologia já existe na academia, só faltam as plataformas adotarem para suas interfaces. Creio que, com menos dados sendo disponíveis via API e não entrando na proibição das redes, as plataformas irão cada vez mais criar formas de análise para estruturação de dados que antes não tínhamos de forma escalada, como é essa parte de análise de imagens e textos.

Minha opinião, como consultor de métricas e influencer marketing, é que a mudança terá um choque inicial do mercado, mas que forçará mudanças na dinâmica de contratação, tecnologia e análise de perfis no Instagram. Porém, tenho receio de que se reforçará as péssimas práticas na escolha dos influenciadores que já temos hoje, ou seja, baseadas em seguidores e análises subjetivas. Caberá às plataformas e agências buscarem puxar as mudanças para o lado positivo.

Fontes: Later e Buzzfeed News

 

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