Aos meus ex-chefes, com carinho.

Quase nunca faço posts pessoais, principalmente nos meus perfis pessoais, mas nesse caso eu queria abrir uma exceção.
Olhando no começo da minha carreira profissional até agora (tá, são apenas quatro anos e meio) em social media, percebo que tenho muita sorte. Muita sorte e privilégio, eu diria. E ambos tem a ver com as pessoas que me geriram, vulgo meus chefes.
Em 2009, no último semestre da faculdade, quando comecei a fazer freelas em social media, tive uns três ou quatro “chefes” (ou contratantes). Por tanto ter ouvido antes e atualmente sobre péssimas experiências com freelas de outros profissionais, eu vejo que tive sorte em ter tido contratantes que me deixaram trabalhar, me deram tempo para fazer tudo, que foram compreensíveis e que pagaram direitinho. Óbvio que tudo isso é o que se espera, mas sabemos bem que a realidade do mercado não é bem essa, infelizmente.
No começo de 2010, quando saí da faculdade, fui contratado para meu primeiro emprego de carteira assinada. Confesso que fui na entrevista com medo (isso é natural), mas mais pelo fato de que metade das funções que eram exigidas na vaga eu nunca tinha feito e eu não estava disposto a mentir. Porém, como fui chamado para a entrevista em meio de tantos outros currículos, pensei: “bom, algo devo ter de legal para ter sido chamado”. A vaga era de analista de redes sociais e eu lembro que na entrevista, meu chefe me perguntou: você tem um blog né? Nossa, há quase dois anos postando? E me perguntou também se eu curtia games, já que a empresa era um canal de tv especializado em games.
O fato é que, após ser contratado, perguntei para meu chefe o que tinha atraído a atenção dele em mim, já que eu não tinha experiência (nem tinha feito estágio, por exemplo). Me lembro que ele me disse: “você tem uma formação boa, vimos que você curte estudar (eu estava dando entrada na minha pós), curte escrever (por causa do blog) e nós achamos que você vai mandar bem, mesmo sem ter experiência”. Fiquei bem feliz com a resposta e só me motivou a trabalhar naquele ambiente. Aqui entra outra sorte, pois os dois lugares que já trabalhei foram ambientes excelentes. Aprendi demais em cada, tanto por conta disso quanto pelo estímulo dos meus chefes.
Com um pouco mais de um mês de emprego, meu chefe que me contratou saiu da empresa. Assumiu o braço direito dele, merecidamente. Ele continuou a me dar liberdade para trabalhar, a me desenvolver profissionalmente, a me deixar estudar e dar ideias para o trabalho. E foi ele também que me aconselhou que, ao eu receber outra proposta, a sair da empresa, pois seria melhor para minha carreira. O quão raro é ter alguém assim no seu trabalho?
Na entrevista da nova empresa, outra surpresa: fui submetido a um teste que, na teoria, eu deveria ter sido reprovado pelo meu desempenho. Quando recebi a proposta, fiquei surpreendido. Novamente, após ser contratado, perguntei para minha chefe o motivo de minha contratação, já que estava claro que eu tinha ido mal no teste. Ela me disse que o que contou foi que eu não tinha entrado em desespero quando me deparei que não sabia as respostas e que manter a calma era tão importante quanto solucionar os testes. Claro que havia outros fatores que pesaram também, mas aquele teste era diretamente ligado ao meu dia a dia no trabalho. Foi aí que eu percebi que existem coisas tão importantes quanto habilidades técnicas na vida profissional.
Como um replay, com menos de um mês, a minha chefe saiu da empresa. Sem antes eu ter aprendido muito com ela, principalmente o rigor nos relatórios. Entrou no lugar a minha superior direta. Mas ela não saiu com um mês e sim durou quase quatro anos. Quatro anos de muito aprendizado, de liberdade para eu me desenvolver, de oferecer oportunidades para eu crescer, de muita bronca, muito conselho e, principalmente, muita confiança no meu trabalho. Obviamente, o ambiente de trabalho ajudava muito (é uma das melhores empresas para se trabalhar, de acordo com a Exame), mas isso não seria útil se eu não tivesse minha chefe me deixando desenvolver meus projetos próprios, investindo no meu aprendizado, confiando equipes e trabalhos, não sendo uma chefe e sim uma parceira (e agora uma amiga).
Como eu disse lá em cima, sou um sortudo e privilegiado. Sortudo por ter encontrado com essas pessoas no meu caminho profissional. Privilegiado por ter tido a oportunidade de trabalhar com pessoas incríveis, que confiaram em mim e me deixaram desenvolver. Tudo que alcancei até hoje devo muito a cada um deles.
Não preciso citar nomes, essas pessoas não precisam disso. Agora eu fico pensando se serei alguém assim para outras pessoas, se chegarei perto do que essas pessoas representaram para mim na minha carreira.
Só tenho a agradecer, com muito carinho.
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