iMasters Intercon 2010 – Meus highlights #intercon2010

Na sexta (dia 19 de novembro) e sábado (dia 20), rolou o Intercon 2010, no teatro World Trade Center, em São Paulo. Ano passado eu tinha ido e, pela ótima experiência que tive, resolvi ir novamente. Devo dizer que achei pior do que o ano passado, em termos gerais. A estrutura do ano passado estava muito melhor e o lugar era mais acessível (foi no hotel Renaissance, perto da Avenida Paulista). Destaque para as incessantes falhas técnicas em todas as palestras e também para o teatro WTC. As poltronas são muito confortáveis e grandes, mas o espaço para transitar entre elas é muito pequeno. Incômodo total quando alguém precisa passar por você para sentar no meio da fileira. Outro ponto negativo foi a falta de um espaço dedicado aos desenvolvedores. A mistureba entre inovação, criação, planejamento e desenvolvimento para Web prejudicou tanto os desenvolvedores, já que as palestras sobre o assunto devem ter ficado bem superficiais, quanto os não-desenvolvedores (como eu) que não entendiam nada do que estava sendo falado. Não sei porque não fizeram igual ao ano passado, quando havia dois palcos separados para cada público.
Em termos de conteúdo, achei melhor que em 2009, por conter mais novidades e mais aplicações práticas. Ou seja, trataram diretamente de mercado em internet. Sendo assim, destaco algumas palestras que achei interessante na programação:
Na sexta, eu achei bem mais fraco que as palestras de sábado. Não sei se foi uma jogada estratégica para que favorecessem os participantes que só poderiam vir no sábado, mas ok. Destaco as palestras de Fabiano Coura, Benny Spiewak e do pessoal do yDreams. 
– A palestra do Fabiano Coura foi sobre a integração Mobile com a Web. Mas o ponto principal foi a relação entre o meio offline com o online. Foi uma palestra recheada de cases envolvendo desde geolocalização a desenvolvimento de ações estratégicas. A idéia interessante que tirei da palestra foi que a publicidade em meios massivos está sendo substituída por plataformas produzidas pelas próprias marcas. A web deixou de ser uma plataforma única para ser o suporte para múltiplas plataformas. Quando uma marca cria um software que integra mobile, web e desktop, a plataforma web é apenas um elemento dentre os três e a verdadeira plataforma está nesse software.
– Na apresentação de Benny Spiewak, saímos do mundo da comunicação e inovação para olharmos as questões jurídicas na Web. Propriedade intelectual foi o assunto. O que podemos ou não fazer. Achei bem interessante para termos consciência e alguma base para podermos realizar as ações. Valeu pelo assunto que, muitas vezes, deixamos de lado.
– O pessoal do yDreams mostrou as novidades do mundo da interatividade. Novos usos de Realidade Aumentada, instalações multimídias mais integradas com o mobile, enfim,  várias novidades e tendências na área. A apresentação valeu mais pelos cases apresentados.
Já no sábado, a história foi outra. A maioria das palestras me deixou bem satisfeito. Todas as palestras da parte da manhã foram interessantes. Na parte da tarde, destaco as palestras de Ruy Reis e o de Manuel Lemos, no encerramento.
– A primeira palestra da parte da manhã foi do professor da USP, Marcus Baldo. Especialista em neurociência, ele explicou como funciona a percepção humana sobre os fenômenos ao seu redor. Na realidade, ele fez uma palestra quase que totalmente sem nexo com a ementa apresentada (=vício de professor de universidade?), mas achei bem interessante vários pontos levantados e também o esclarecimento de que tudo que percebemos depende da forma como entendemos o contexto ao nosso redor.
– A segunda palestra foi do Anselmo Endlich, diretor executivo do site Wine.com.br. A premissa da palestra era mostrar, empiricamente, a teoria de que variedade não garante satisfação do cliente. Será que é preferível, em termos de percepção do consumidor, ter menos opções de compra do que ter milhares? A sensação incessante de ter comprado uma opção pior diante de tantas opções, realmente existe? De acordo com os dados apresentados pelo Anselmo, no caso do mercado de vinhos, isso realmente acontece. As ações tomadas pelo site para que equilibrassem variedade com a percepção do consumidor de que está comprando a melhor opção resultaram em aumento de vendas e fidelização. E hoje realmente percebemos que sites como Amazon e até mesmo pequenos blogs possuem ferramentas de recomendação, de acordo com o perfil que você apresenta. A mensagem que tiro dessa palestra é que hoje, diante de tantas opções, informações e escolhas, ter um “norte” de recomendação, principalmente vindo de opiniões especializadas e credenciadas, é o melhor caminho para o consumidor fazer a compra certa. E nada melhor que o próprio mercado faça isso pelo cliente.
– A terceira palestra foi um talk show com o fundador do Peixe Urbano, o primeiro site de compras coletivas do Brasil, Julio Vasconcellos. Interessante as visões de mercado e as opiniões que ele tem sobre as tendências que virão.  Também foi comentado sobre a forte concorrência estabelecida e os grandes conglomerados que estão entrando no mercado de compras coletivas, como o grupo Abril e o Buscapé. Nesse ponto, Julio mostrou confiança e disse: “em qualquer mercado, quem entrou primeiro sempre tem a vantagem de ser o primeiro”. Mais resumido, impossível. E realmente comprovamos isso atualmente, mesmo com tantos sites concorrentes como ClickOn, Groupon (=Clube Urbano) e tantos outros.

– A quarta palestra da manhã foi com o professor Leandro Castro. Especialista em Computação Natural, ele mostrou como funciona e quais os princípios básicos dessa área de conhecimento. Basicamente, Computação Natural é a computação baseada em processos e elementos da natureza. Acho que foi a única palestra que desenvolvedores e profissionais de criação conseguiram o meio-termo.

– A quinta palestra com foi o designer Rodrigo Gonzatto. Ele, que trabalha e pesquisa na fundação Faber Ludens, mostrou a idéia e os cases sobre design livre, em que se baseia na idéia da coletividade e open innovation. Foi bem interessante, principalmente pela idéia de que design colaborativo funciona e dá certo.

– Na parte da tarde, a palestra de Ruy Reis foi fora de série. O assunto foi narrativas transmídias (=transmedia storytelling) em histórias bíblicas. Mas extrapolou para a demonstração estrutural das narrativas históricas e como mudanças nessa estrutura podem interferir na percepção da história. Sem cair na idéia já ultrapassada de multiplataformas midiáticas e se focando na estrutura narrativa em si, Ruy Reis, ao meu ver, está entre as melhores palestras do evento, senão a melhor. A idéia transmitida vale para qualquer ação em mídias: a estrutura e a forma com uma mensagem é transmitida é tão importante quanto seu conteúdo. Além disso, ele mostrou algumas simbologias nas histórias bíblicas e as ligações que existem entre a Bíblia e outras mitologias, como hebraica e babilônicas. E o encerramento da palestra foi genial (só vendo a palestra inteira para saber).
– E, por fim, a palestra de encerramento de Manuel Lemos foi bem esclarecedor e resumida de como o assunto “Fim da Web” foi tratado e quais as bases para essa afirmação vinda de Chris Anderson, da Wired. 
Não destaquei o talk show com os profissionais de humor (entre eles, o pessoal do Jovem Nerd) nem a outra palestra de encerramento com o professor Luli Radfahrer porque eu esperava muito mais de ambos. O primeiro, para mim, foi mais um lugar-comum de “como vocês criaram seus sites?” e “como vocês bolam as piadas?”. Esperava modelos de negócios, planos futuros, outros assuntos. O único ponto legal foi a questão da censura, que todos responderam e me foi interessante.
Já a apresentação do Luli foi marcada pela pressa. Programado para ser em slides automáticos, era claro que ele estava falando mais rápido do que deveria para seguir os slides transmitidos. Isso foi feito para mostrar a idéia de que “estamos cada vez mais presos na Web”. Não curti e acabei entendendo muito pouco por conta dessa manobra. E ele não acabou falando, diretamente, sobre a questão do fim da Web. Para mim, ele só mostrou que tem certas tendências em “prender” a Web, mas que também há movimentos para “libertar”. Enfim, esperava bem mais.
Vamos ver se ano que vem fica melhor e que seja em um lugar e equipes técnicas melhores.
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