O que é Midialogia?

POST ATUALIZADO: MAIO/2018

Leitura recomendada: Guia completo de Planejamento de Mídia

Sempre recebi várias perguntas sobre o curso em que me formei, Midialogia na Unicamp. Como as referências estão todas espalhadas por aí, resolvi juntar tudo que tem de mais relevante para quem quiser conhecer sobre o curso ou até mesmo quem tiver interesse nesse campo de estudo.

A página do curso no Instituto de Artes tem informações mais institucionais do curso na Unicamp. Conta com a grade docente, aonde se localiza e também tem um portfólio com alguns trabalhos dos alunos egressos e graduandos.

Para um contato maior com os alunos e formados, existe o grupo no Facebook, onde concentra formados, formandos e interessados no curso. Dica: use o SEARCH do grupo para pesquisar as respostas de perguntas que você possui. Assim otimiza seu tempo. Também há o grupo apenas para os vestibulandos.

Também procure pelo termo midialogia no Twitter e veja o que vestibulandos e outros usuários mencionam sobre o curso. Abaixo, deixo o vídeo da Flávia Penereiro, graduada no curso, falando sobre Midialogia.

O Guia do Estudante tem uma boa visão sobre o que é o curso e, para uma visão dos alunos, tem esse podcast de 2017 com dois alunos comentando sobre o curso.

Tem uma matéria feita pelo programa O Que Que Faz? do canal Gazeta que o coordenador do curso, Gilberto Sobrinho, e dois alunos formados (=e que são meus veteranos), Élcio Ribeiro e André Nogueira, foram entrevistados e responderam algumas perguntas em torno do curso.

Para quem quer saber os rumos que tomei após se formar, escrevi esse post aqui no Medium falando da relação entre minha carreira e a Midialogia.

E, para finalizar, reproduzo na íntegra meu artigo que escrevi para a Revista Universitária de Audiovisual (R.U.A.) no ano de 2009.

Prazer, sou midiálogo.
 

Uma nova espécie no catálogo.

Sou uma espécie rara na natureza. Venho do curso de Comunicação Social – Habilitação em Midialogia, o que me faz ser um midiálogo. Quantos midiálogos você conhece por aí?
Localizado no Departamento de Multimeios, Mídia e Comunicação (DMM) do Instituto de Artes (IA) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), o curso possui seis anos de existência, ou seja, estamos na infância ainda. Por isso que somos raros, afinal, são apenas 180 alunos que podem se considerar midiálogos e apenas duas turmas formadas, que já estão espalhadas por aí.

Nessa pequena história, muito mudou de 2004 para 2009. Criamos uma pequena nação midiática. E como toda nação, buscamos nosso lugar ao sol. Aproveitamos tudo que um curso de comunicação oferece: participamos e produzimos grandes eventos, fazemos intercâmbio com diversas universidades do globo e realizamos projetos que ganham destaque em todo Brasil. Tudo para mostrar nosso potencial como midiálogos.

Somos diferentes, mas também comunicadores.

Orgulho-me de dizer que faço parte de uma nova proposta na área de comunicação: o estudo das mídias. Minha espécie é direcionada para a formação de uma ampla visão de todos os meios de comunicação e, com isso, do processo e essência da comunicação em si, para que o profissional possa entender os novos meios que surgirão. O profissional formado tem competência para trabalhar em diversos ramos da comunicação: fotografia, multimídia, web, televisão, produção sonora, multimídia e cinema, sem falar na possibilidade de seguir na área acadêmica de pesquisa.

Fomos inspirados no curso de Multimeios da PUC e também absorvemos muito da pós-graduação no departamento atual. Mesmo com a fonte de inspiração semelhante ao curso de Multimeios e o curso de Estudos em Mídia da UFF, posso me considerar único, pois cada um deles possuem uma proposta diferente da que sou formado, mesmo parecendo a mesma coisa.

Mas mesmo sendo diferentes, todo curso de comunicação possui raiz semelhante: a preocupação com a mensagem que transmitimos. Isso vale para cursos como Relações Públicas até Cinema e Mídias Digitais. Essa premissa é essencial para a formação do profissional e a Midialogia não escapa disso, muito pelo contrário. A grade curricular contempla as diversas mídias e as formas como elas se comunicam com o público.

Pensando nisso, o curso exige a conclusão de quatro projetos dentre cinco áreas (produção sonora, cinema, televisão/vídeo, fotografia e multimídia) para se formar. O objetivo é o aluno tomar conhecimento de aspectos teóricos e práticos de cada mídia, após ele ter estudado a fundo cada uma nos dois primeiros anos de curso. Por isso que esses projetos são feitos a partir do terceiro ano de curso, época também em que a grade curricular dá uma folga para que nós possamos nos dedicar a estágios e aos referidos projetos.

Alguns fatos de hoje

Como toda universidade pública, sofremos de falta de qualidade em infra-estrutura. As instalações precisam de reformas, tanto para ampliação do espaço físico quanto para reparos. Sem falar no rápido sucateamento dos equipamentos, por falta de manutenção.
Além deste problema sofremos também do processo burocrático que toda universidade pública oferece: a falta de professores. Faltam docentes especializados em determinadas áreas e isso prejudica o aprendizado. No nosso caso, temos um agravante: Midialogia é o único curso de comunicação da Unicamp inteira. Ou seja, não temos como recorrer a professores de outros departamentos. Assim sendo, a grade dos professores não consegue atender todas as necessidades que o curso exige.

Mas posso dizer que existem mais coisas boas do que ruins. Por ser novo, ganhamos equipamentos modernos a cada ano. Tanto é que não há espaço físico para os equipamentos novos que chegam: há vários computadores de edição que simplesmente não tem lugar para instalar e ficam armazenados, na fila de espera. Creio que seja justamente pela proposta pluralizada do curso: há equipamentos de áudio, de cinema, de televisão, de vídeo, de multimídia e de fotografia, todos para compartilharem o pouco espaço que já tem. Está em andamento a construção de um prédio próprio do curso, anexado ao IA, sendo uma solução para essa necessidade física.

Outra coisa boa é o ambiente que o curso está rodeado. Por começar pelos alunos. Por sermos em tão pouco número, é bem claro a integração que há entre as turmas, tanto nos trotes quanto em cooperação para projetos. Praticamente toda produção de curta-metragem possui membros de diversas turmas do curso. Isso possibilita aos mais novos aprenderem com os mais “velhos” (experientes ou veteranos). Além disso, a própria Unicamp é um ambiente extremamente favorável ao nosso desenvolvimento. Várias bibliotecas, milhares de professores e pesquisadores à sua disposição, e o melhor: alunos de outros cursos. A experiência e o aprendizado que você consegue com eles servirão para a vida inteira.

Alguns fatos de ontem

Justamente por ser um curso novo, ainda não fomos catalogados para a maioria das pessoas. Dizer: “eu sou midiálogo” parece grego ou até mesmo uma ofensa séria. Muitos vestibulandos, alunos de outros cursos de comunicação e empresas, não possuem conhecimento de nosso propósito de existência. É importante que o curso tenha reconhecimento dentro de sua área e no mercado de trabalho, para que os alunos formados sejam valorizados no ambiente profissional. Pensando nisso, nós, alunos de Midialogia, juntamente com o apoio do nosso departamento, promovemos uma série de eventos ao longo dos seis anos de curso, para que o curso ganhasse destaque dentro e fora da Unicamp. Cito os mais importantes: Semana Universitária de Audiovisual, Unimídia e Curta Mídia, todos realizados em 2008.

Com certeza, o mais importante evento realizado foi a Semana Universitária de Audiovisual (SUA). Na sua quarta edição, com uma universidade-sede por ano, organizada exclusivamente pelos alunos e considerado o maior encontro universitário de audiovisual do país, a SUA 2008 foi abraçada pela Midialogia e reuniu mais de 250 alunos de 30 universidades do Brasil inteiro. Com forte caráter original no cinema e vídeo, a SUA teve um toque midiático: na programação incluímos produção sonora, fotografia e multimídia. O mais importante da SUA para a Midialogia foi a divulgação do curso para outros cursos de comunicação e audiovisual e o mais legal: a oportunidade de integração de midiálogos com alunos de todas as partes do Brasil. Difícil ver midiálogo que não fez algum contato ou amizade com alguém de outro curso na SUA.

A Unimídia foi uma iniciativa criada pelo departamento para divulgar o trabalho dos alunos do curso dentro da própria Unicamp. Foi algo pequeno, mas de fundamental importância para mostrar à universidade que o dinheiro investido em nós tem retorno para a comunidade acadêmica e para a imagem do curso lá fora. Teve exibição de filmes, exposição fotográfica, demonstração de jogos e sites desenvolvidos, além de palestra com Cícero Silva, organizador do FILE, e Miller Puckette, criador do Pure Data.

O último evento realizado pelos alunos foi a Curta Mídia, uma sessão de curtas que foram produzidos no Projeto de Cinema. Pode parecer pequeno, mas a primeira sessão dentro da Unicamp originou outras sessões em diversas partes de Campinas, ganhando destaque dentro do círculo cinematográfico da região e o melhor, trazendo visibilidade para o curso e para os alunos-realizadores, além de inspirar as novas turmas ingressantes.

Alguns fatos de amanhã


Como toda criança, começamos a trilhar nossos caminhos pouco a pouco e em diversas direções. Por conta da pluralidade de áreas, há pessoas trabalhando desde com fotografia artística até desenvolvimento de games, passando por produção cinematográfica, marketing, animação digital, comunicação institucional e conteúdo para Web. Alguns trabalham com carteira registrada, outros em modelo freelancer. E também tem ainda os que seguem na área acadêmica, fazendo uma pós-graduação, e os que preferiram ingressar em outro curso de graduação, para incrementar a formação.

O fato é que o curso possibilita todas essas hipóteses, mas mesmo assim, muitos midiálogos se perguntam: aonde eu irei me encaixar? Afinal, não há anúncios em jornal dizendo: vagas para midiálogos. E nenhuma das áreas citadas é feita para nós, especificamente. Então, o medo de não se inserir no mercado é compreensível.

Ninguém sabe o futuro que nos aguarda. Mas ninguém o está esperando chegar. Todos buscam seu espaço, todos buscam se destacar na área que atua. E temos capacidade para isso, afinal, carregamos o peso do nome Unicamp e toda uma tradição em qualidade de ensino acadêmico que esse nome traz embutido. Mas de nada adianta se faltarem duas coisas: força de vontade e competência. Por isso que defendo que oportunidades sempre existirão para nós, mas as aproveitar é o diferencial.

Somos capazes de atuar em diversas áreas da comunicação e esse pequeno caminho profissional percorrido pelos midiálogos já mostrou isso. Acredito que a questão não é “aonde irei me encaixar?” e sim “o que farei para me encaixar?”. Depende do indivíduo, do seu conhecimento, de seu talento, do seu potencial e como ele usará tudo isso no mercado. E chances sempre aparecerão, ou melhor, o midiálogo as criará. O curso mostra as possibilidades e nos dá a base necessária. O resto, fica por nossa conta; “se virem, midiálogos”.

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