Midializado

Os usuários habituados a trocar arquivos compram mais que o consumidor comum, aponta pesquisa

Texto baseado da revista Carta Capital, edição 596, de 19 de maio de 2010.
“Não existe uma grande divisão entre quem troca arquivos na internet ou quem não troca em termos de seus hábitos de consumo. Ao contrário, no que tange à compra de bilhetes para shows, ou gastos com DVDs e jogos, os que trocam arquivos são os maiores consumidores da indústria do entretenimento. Não parece existir uma relação clara entre a pirataria e o declínio nas vendas da indústria”. Esta é a conclusão principal de um estudo feito pelos professores Nick Van Eijk, da Universidade de Amsterdã, Paul Rutten, da Universidade de Roterdã, e o pesquisador Jos Poort sobre os hábitos dos consumidores holandeses na nova era da troca digital de arquivos. Leia a pesquisa na íntegra aqui. Além disso, os autores também concluíram que os usuários que “pirateiam” conteúdo acabam comprando mais do que o consumidor “não pirata”, particularmente no segmento de filmes e games.
Temos dois aspectos a serem considerados. O primeiro é o contexto da pesquisa. Pensando no mercado brasileiro, será que esses dados podem ser considerados e aplicados por aqui? Será que realmente quem compartilha arquivos gasta mais em comparação com quem não faz isso? Realmente não sei. O que eu vejo muito na web brasileira é que muitos consomem o conteúdo compartilhado, mas pouquíssimos dispõem. Se levarmos em conta que esses que consomem podem ser considerados “piratas”, então acho que no cenário brasileiro essa pesquisa tem grandes chances de não ser aplicável. Fica a questão para se pensar.
Outro aspecto é a questão do consumo cruzado. Por exemplo, eu posso não compartilhar nem consumir filmes na Web, mas eu gasto no cinema. Ou seja, transfiro o gasto que teria na Web para o mesmo fim. E isso vale para vários produtos de consumo da Web. Nesse ponto, o que se conclui é que talvez haja uma rede de consumidores “piratas” que mantém um ciclo de consumo voltado para a Web, enquanto que “não-piratas” ou consomem pouco (como compra de músicas no iTunes) ou transferem os gastos de forma cruzada.
É uma pesquisa muito interessante e acredito que deve ser melhor aprofundada. Ela pode servir de referência para entendermos que as novas relações entre indústria do entretenimento e consumidores.
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