A convergência de Jenkins

Bom, agora a minha atual leitura é “Cultura da Convergência” de Henry Jenkins, considerado o sucessor de Marshall McLuhan no estudo da comunicação.

Na introdução do livro, Jenkins passou um resumo de todas as idéias que o norteiam em sua análise de casos (Matrix, Harry Potter, American Idol, entre outros). E a principal reflexão é em relação a idéia de convergência midiática.

Para Jenkins, a idéia de convergência dos meios não pode ser encarada apenas pelo seu lado tecnológico. A convergência é também marcada pelo estabelecimento de protocolos. Protocolos são traços econômicos, sociais, culturais, comportamentais e políticos que a convergência trouxe para a comunicação. E se entende: são maleáveis, ao contrário do suporte tecnológico. Sendo assim, Jenkins entende que a convergência é algo mais complexa por conta desses protocolos, pois ela se faz na relação e na mente dos que são atingidos por ela.

Um exemplo mais aparente é a questão da caixa preta. Para Jenkins, atualmente os aparelhos convergem várias funcionalidades em torno do hardware, mas ainda não há uma total convergência. Um exemplo: em nossa sala de estar, identificamos várias “caixas-pretas”: o home theater, a televisão, o videogame, etc. Todos possuem variadas funções além da sua original. Outro exemplo é o celular: os celulares fazem tudo, além de telefonar movelmente.

Essa convergência tecnológica acarretou diversos protocolos. Nossos hábitos e relações que temos com as mídias mudou drasticamente. Não ficamos mais passivos a informação: relacionamo-nos com diversos suportes para se obter a informação ou para puro entretenimento.

O principal protocolo, para Jenkins, é o choque entre comunicação corporativa e comunicação alternativa. Jenkins nota que existe uma crescente centralização dos grandes conglomerados em torno dos meios de comunicação. Atualmente, não existe empresa de comunicação que não lide com vários meios. Mas, ao mesmo tempo, existe um crescimento exponencial na participação dos consumidores em produção de conteúdo. Esse choque, ao ver de Jenkins, será crucial para definir um dos rumos da convergência: se haverá um total frenesi anárquico ou um controle totalitário e rígido da comunicação.

É clara a idéia de que estamos numa era de transição. Para Jenkins, não está claro como vai ser ou como são as coisas. Os protocolos se reciclam a cada momento e novos paradigmas são construídos. O que vemos, no momento, são protocolos sendo jogados fora, sendo criados, sendo usados ou simplesmente sendo ignorados. E define três pontos de vista dos protocolos: tecnológico, cultura participativa e inteligência coletiva.

E por isso que Jenkins alerta: ou você aceita e encara as mudanças ou você se perde em seu rumo.

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