Midializado

Os dois últimos absurdos que li sobre internet.

Nessa semana tava afim de trollar e meter a boca no trombone sobre algumas coisas que sempre leio por aí. Por isso, separei duas notícias que considero dignas de críticas: uma declaração do Prince e uma análise de Ethan Zuckerman. Colocarei o link da matéria e depois faço o comentário.


Esse comentário infeliz do Prince me faz concluir duas coisas:

1 – ele pensa que vive no século passado.

2 – ele quer aparecer na mídia, dando uma declaração bombástica.

Dizer que a internet passou e que “apenas fez mal, colocando números em sua cabeça” é uma demonstração do total deslocamento da realidade. Para mim, soou como “não sei como ganhar dinheiro com a internet e nem sei como os outros artistas estão se saindo. Por isso, acho isso muito ruim. Sou contra”. Eu acho que ele pensa que a moda agora é a fita cassete né?

Uma coisa que sempre discuti com alguns amigos é os motivos que os artistas se posicionam contra download de suas músicas. Se todas aquelas batalhas judiciais contra softwares de compartilhamento (=Napster) e sites de Torrent (=PirateBay) praticamente não resultaram em nada no cenário mundial, por que insistir? Por que enfrentar a correnteza se você pode a utilizar ao seu favor? (=Radiohead e tantas outras bandas)

Dizer que é absurda a análise de Ethan Zuckerman é totalmente um exagero da minha parte, porque o que ele diz tem total sentido. O que me incomoda MUITO é a forma como ele defende a idéia de “aldeia global” ou um mundo sem fronteiras de entendimento cultural.

Passa-me a impressão que ele se sente incomodado que a última manifestação (=Cala Boca Galvão) tenha sido algo que só os brasileiros estavam por dentro. Ele diz que pensamos que a internet seria global, mas manifestações como essa nos mostram que ainda há obstáculos para isso. Mas, me diga uma coisa sr. Zuckerman, se você acha que a manifestação Cala Boca Galvão foi um ato local, o que dizer então dos outros atos que são oriundos dos EUA, o maior país com presença na internet?

O que quero defender é que Zuckerman pensa que a internet deve ser entendida por todos, mas ele não pensa no outro lado. Ele não pensa em como as manifestações como Superbowl, NBA, etc., que sempre bombam na internet, são entendíveis apenas para uma fração da audiência na Web. Que, assim como Cala Boca Galvão foi algo não-entendível para o resto do mundo, outras manifestações dos EUA também não são entendíveis para o resto do mundo!

Pela palestra dele, eu entendo que ele tem uma preocupação em englobar as culturas para que sejam entendíveis. Mas ele quer englobar as outras culturas COM a do EUA, não o contrário. Ele não me passa a idéia de que “devemos nos fazer entender e entender os outros” mas sim “devemos entender os outros, apenas”.

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