Midializado

Querida, digitalizei as crianças

Dando uma pausa para o último capítulo do livro “Cultura da Interface” de Steve Johnson, quero dar um destaque para uma reportagem presente na revista Veja desse mês de fevereiro e fazer um paralelo com o ranking das redes sociais em janeiro de 2009. Mas antes, quero agradecer o convite do Parker e do Fernando para escrever artigos sobre comunicação no blog CromossomoP. Agora faço parte do editorial de lá, juntamente com os dois e mais o Kai. Obrigado galera pelo reconhecimento.

Bom, primeiro vamos a tabela das redes sociais em janeiro desse ano:

Incrível o crescimento exponencial que o Facebook conseguiu em tão pouco tempo e superando o badalado MySpace. Mas em seu encalço está um rival à altura: o Twitter. Estava em 22° na colocação e subiu para o inacreditável e 3° posto. O Orkut, a ferramenta social mais usada pelo brasileiro, caiu da 15° para a 21° posição.

Vendo a tabela, percebemos que os grandes destaques da lista são segmentados. Sim, tirando o Facebook, que possui uma política de abrangência de recursos, os primeiros são voltados para determinados públicos. O Flixster, por exemplo, é voltado para o público cinéfilo. Imaginem um Orkut em que só haja papo sobre cinema, além de aplicativos e conteúdo sobre o assunto. E O LinkedIn é uma rede voltada para profissionais, mais para fazer contatos de trabalho e troca de experiências.

E na reportagem da Veja, sobre adolescentes e a vida digital, percebo o efeito das redes sociais na formação da nova geração desse século (= isso inclui eu). Na reportagem, a revista aponta que o jovem de hoje está “muito mais informado do que nunca, porém se informa superficialmente de várias coisas do que se informa profundamente em uma coisa apenas”. E isso se dá porque “com a internet, o jovem está em constante contato com outras pessoas e, consequentemente, com mais informação”.

Acredito que os jovens de hoje estão sim, mais informados. Não entro na questão da validade (= conteúdo) da informação, mas sim na forma como essa informação está disponível e o uso que os internautas fazem dela. E não vou cair no lugar-comum de que na internet somos bombardeados, porque essa questão já é primária. Comecei logo cedo a me familiarizar com redes sociais e percebo que as redes sociais deixaram de ser um mero centro de relacionamento entre pessoas. O Orkut, que antes tinha somente esse propósito, transformou-se, não por vontade própria e sim pelo uso dos usuários, em um centro de informações valiosissímo. Muitas pessoas (= eu) utilizam o Orkut para muitos outros fins do que apenas se relacionar e conhecer e rever pessoas. Com o Orkut, é possível se divertir com os aplicativos, acompanhar algum blog ou RSS, baixar episódios do seu seriado ou filmes, pedir informação e ajuda para “especialistas”, etc. Isso no Orkut, imagina o que é possível fazer em outras redes sociais como Facebook e os segmentados como Flixster. E imaginem ainda mais o que essas ferramentas podem nos revelar sobre o comportamento digital dessa geração.

Lembro de uma passagem do livro do Johnson que diz que todo inventor de uma tecnologia revolucionária não tinha sequer noção do uso que sua tecnologia poderia ser utilizada. E vejo que isso se aplica perfeitamente no momento, nesse boom das redes sociais. Os usuários, na sua maioria jovens, já possuem noção do que a internet é capaz e dos seus usos para diversos fins. Somos uma geração que já sabe o que é uma informação na rede, como ela pode ser utilizada e o que ela é capaz de fazer. Então, um banzai para os verdadeiros inventores da internet, ou seja, nós!

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